ATENS UFMG debate estresse no trabalho e saúde pública, em evento transmitido ao vivo

Para marcar o Dia do(a) Servidor(a) Público(a), a ATENS UFMG promoveu na terça-feira, 29 de outubro, uma palestra com a professora Sandhi Maria Barreto, referência em saúde pública e coordenadora do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) em Minas Gerais. A palestra abordou a complexa relação entre estresse no trabalho e saúde física e mental, destacando o impacto das desigualdades sociais na saúde dos e das profissionais, especialmente dos(as) servidores(as) públicos(as).

A gravação do evento está disponível no canal da CAC UFMG no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=XNXAk7xev_g

Principais pontos da palestra

A professora Sandhi Barreto falou como os determinantes sociais e as desigualdades influenciam diretamente a saúde da população, destacando o papel do estresse ocupacional e das condições de trabalho na qualidade de vida e no bem-estar dos servidores e servidoras. Durante a palestra, foram apresentados dados sobre o impacto da carga de trabalho e do racismo estrutural, evidenciando como esses fatores afetam a mortalidade e a expectativa de vida, especialmente entre grupos vulneráveis.

Logo no início, a professora reforçou a importância do serviço público e da educação como pilares fundamentais para o desenvolvimento da sociedade e incentivou a adoção de práticas de autocuidado. Como parte dessa promoção do bem-estar, o evento sorteou massagens relaxantes entre os(as) filiados(as) presentes, ressaltando o valor de iniciativas que promovam a saúde mental no ambiente de trabalho.

No evento foi discutido o impacto da desigualdade social na saúde, com ênfase nas injustiças que levam ao maior adoecimento e à menor expectativa de vida entre pessoas em situações menos favorecidas. A professora explicou, ainda, que o racismo estrutural aumenta a vulnerabilidade em termos de saúde e qualidade de vida, afetando especialmente as populações negra e parda.

Estudo ELSA-Brasil e dados sobre saúde pública

O ELSA-Brasil, coordenado pela professora Sandhi Barreto em Minas Gerais, é um dos maiores estudos sobre saúde pública no país, incluindo uma amostra de mais de 15 mil servidores(as) públicos(as) entre 35 e 74 anos, abrangendo universidades e instituições de pesquisa como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Com mais de 700 publicações, o estudo revela dados sobre mortalidade em diferentes gêneros e etnias, além de fatores como escolaridade materna e hábitos de vida, como tabagismo e inatividade física, que impactam a saúde da população adulta no Brasil.

Trabalho, saúde mental e mobilidade social

Um dos pontos relevantes, apresentado na palestra, é o impacto do trabalho noturno e do estresse no ambiente profissional. Segundo a professora, trabalhadores de turnos noturnos, como profissionais de saúde, enfrentam maiores riscos de doenças metabólicas e cardiovasculares, ressaltando a necessidade de políticas de apoio à saúde mental e física. Também foi abordada a questão da mobilidade social, com dados mostrando que permanecer em posições sociais baixas está associado a riscos elevados de adoecimento, especialmente devido ao estresse e à falta de apoio no trabalho e a conflitos entre vida profissional e familiar, situação particularmente relatada por mulheres.

Fortalecimento da luta pela saúde dos servidores públicos

Ao concluir a palestra, a professora Sandhi Barreto enfatizou a importância de se enfrentar o racismo nas instituições e o papel do trabalho na saúde mental.

Esse evento reafirma o compromisso da ATENS UFMG com a defesa de condições de trabalho mais saudáveis e justas para os servidores públicos, destacando a necessidade de políticas públicas que promovam ambientes de trabalho dignos e saudáveis.

Para a ATENS UFMG, essa palestra vai além da informação: é uma oportunidade de mobilização. O sindicato reitera seu compromisso em buscar melhorias concretas nas condições de trabalho, defendendo não apenas o bem-estar físico e mental, mas também o respeito à dignidade de cada servidor(a) público(a). Em tempos de grandes desafios para o serviço público, é fundamental que todos e todas se unam para transformar conhecimento em ação.